sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Arte em doces pedaços

Professora, pintora, ilustradora e gravadora. Nascida no Rio de Janeiro em 1960  Beatriz Ferreira Milhazes , formada em Comunicação Visual pela faculdade Hélio Alonso . Começa nas Artes Plásticas ao ingressar na Escola de Artes Visuais no Parque Lage, no Rio em 1980.
Dedica-se a gravura e ilustração, ilustra o livro As Mil e Uma Noites à Luz do Dia: Sherazade Conta Histórias Árabes, de Katia Canton. Beatriz participa por diversas exposições que a caracteriza-se na Arte Conceitual de uma geração dos anos 80.

O Mágico, de 2001: arrematado pelo argentino Costantini, dono do Abaporu, de Tarsila do Amaral
 A partir de 1990, destaca-se em mostras internacionais nos Estados Unidos e Europa e integra acervos de museus como o MoMa, Guggenheim e Metropolitan, em Nova York.
Beatriz corta, recorta, faz colagens sobrepostas, pinta e recria sua arte. Na carreira, Beatriz já expos no Japão, recebeu convites para China e Rússia, e recentemente descobriu uma peça sua comprada para um acervo de arte contemporânea no Irã. Hoje tem representação em São Paulo, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha. 
Noite de Verão

Em 2008 teve sua tela ¨O Mágico¨ leiloada por US$ 1 milhão de dólares em Nova York, um feito extraordinário nunca obtido anteriormente por uma pintora brasileira na atualidade.  Beatriz diz que já pintou muitas telas e as pessoas podem imaginar que apesar do fenômeno de sua venda, ela tem outros momentos em baixa e o dinheiro é mera consequência de seu trabalho.
Mares do sul

Teve grande visibilidade e prestígio com a venda em Nova York, em 2004, Beatriz recebeu um novo desafio. Participar de um projeto arquitetônico,  um paredão de vidro de 30 m x 40 m ocupando sete andares da tradicional loja britânica Selfridge’s, em Manchester. A experiência deu tão certo que já se repetiu em escalas diferentes no metrô de Londres, na Tate Modern, também na Inglaterra e  e na Taschen, em Nova York.
Na Pinacoteca do Estado de São Paulo existe uma obra sua em destaque, a artista revela-se uma pessoa discreta e muito centrada no trabalho.
“Era como se fosse uma missão, comecei com 20 anos e nunca tive dúvidas. É muito importante ter a sobrevivência organizada, mercado é conseqüência”, ensina.
Beatriz Milhazes 

Referência Bibliográfica
Galeria de Arte Fortes Vilaça
Fonte Iconográfica

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Revolução Francesa - Uma experiência Democrática

François Furet 
Pensando a Revolução
O autor inicia fazendo uma crítica aos historiadores que estudaram a Revolução Francesa e faz uma comparação com aqueles que pesquisaram os Reis Merovíngios ou a Guerra dos Cem Anos, na sua opinião, existe a necessidade de exibir seus títulos para dar credibilidade ao estudo da revolução.¨Não existe interpretação histórica inocente, e a história que se escreve é também história dentro da história.

O rei Luís XVI: o luxo da autoridade monárquica em meio uma nação empobrecida.
O interesse pelas tradições do passado vem de forma a anunciar um novo ano com base na relações de igualdade.  Os estudos acadêmicos sobre a França na época da Revolução, a história ¨moderna¨ termina referindo-se ao que se chamou de ¨Antigo Regime¨.
Em 1815, data que inicia-se o período contemporâneo, sendo um divisor de águas para a história da França. As academias pesquisaram esse período referente ao ¨depois¨, considerado ao que trouxe a ¨luz¨. O autor cita que há a necessidade de refletir sobre este assunto, entende que a história da Revolução deveria ser mais longa, à partir do século XIX ou início do século XX. Interpreta a Revolução como uma luta entre os revolucionários e aqueles que querem  a restauração da monarquia. ¨Pelas mesmas razões com que o Antigo Regime tenha um fim, mas não um nascimento, a Revolução tem um nascimento, mas não um fim.
A Revolução Francesa não é vista somente como república, mas também com a promessa de igualdade e de mudanças, fez com  que o século XX acreditasse na revolução. Os socialistas enxergavam a Revolução como uma aliada aos seus interesses do socialismo, por isso os apoiaram.

A luta pela democracia e pelo socialismo é a base para a igualdade, tornando legitima a Revolução Francesa.
Furet aponta que os historiadores que escreveram a Revolução Francesa, vão buscar no passado da Revolução de 1917, os sentimentos como forma de confirmar a segunda revolução, todo o discurso historiográfico é embasado nessas duas Revoluções, os bolcheviques ancestrais jacobinos que por sua vez tiveram visões comunistas.
A convenção o auge da agitação política na França


O destaque para as classes populares e sua ação revolucionaria, veio a mostrar interesse no papel que os camponeses e o povo da cidade exercia. George Lefebvre em sua pesquisa através da análise do problema e do comportamento dos camponeses, observa do âmbito social, que há várias revoluções naquela que é chamada de Revolução. Existe a Revolução camponesa, revolução dos aristocratas, dos burgueses ou dos sans-culottes, anticapitalista, que queria voltar a suas origens. Segundo Furet, Lefebvre esclarece a história agraria do Antigo Regime entra em conflito com a burguesia de 89 e com a República em 93.

Georges Lefebvre escreveu em 1932: ¨O Antigo Regime engajara a história agrária da França na via do capitalismo; a Revolução concluiu bruscamente a tarefa que ele havia encetado¨.


 O orgulho nacional é o que faz da história da Revolução Francesa um ícone de investigação para pesquisas acadêmicas, se tratando de quem a escreve com relação aos seus heróis e ¨seu¨ evento. Chega-se a conclusão que existem várias histórias reais, histórias liberais, jacobinas, anarquistas. Para Furet todas essas histórias tem em comum uma realidade, são histórias da identidade. ¨Desde há quase duzentos anos, a história da Revolução nunca deixou de ser um relato sobre as origens, e portanto, um discurso sobre a identidade.¨


 Furet faz severas críticas nas obras de Marx, esclarece que não há uma racionalização em suas obras e relata ser confuso na vulgata ¨marxista¨da Revolução Francesa. Cita ainda que, o marxismo transfere o problema da Revolução para a conjuntura econômica e social, distanciando o fato em sí, fazendo referência aos progressos do Capitalismo a vagarosa promoção do Terceiro Estado, limitando-se as causas da revolução sob o modo econômico e social, invés do modo político e ideológico. ¨(...) esse marxismo que penetra com Jaurès na história da Revolução – desloca para o econômico e social o centro de gravidade do problema da Revolução.¨


 Furet discorda da ideia de ruptura do tempo histórico da Revolução e qualquer conceitualização, seu texto nos mostra muitos debates em torno da Revolução Francesa. Nas obras de Tocqueville e  Michelet, atraiu suas atenções sugerindo ser uma das obras mais penetrantes já escritas sob o modo da identidade, enfim, uma história sem conceitos. Tocqueville faz uma pergunta aos seus contemporâneos: ¨Vocês acreditam que a Revolução Francesa é uma ruptura brutal em nossa história?¨ ¨Na realidade, ela é o desabrochar do nosso passado. Ela conclui a obra da monarquia.¨ (...) 

A Batalha de Valmy: o primeiro triunfo do exército revolucionário francês.

A revolução tem haver com a identidade do passado.Tocqueville é o único na historiografia da Revolução que faz decompor o objeto ¨Revolução Francesa¨, uma quebra na cronologia e trata o problema e não o período.

Furet faz um e esboço do que foi a Revolução, as alianças do Terceiro Estado contra a nobreza, as instituições e as classes sociais queriam o passado, enquanto as forças do progresso lutavam a isso, a saída era a revolução.
Um novo argumento classifica a Revolução de ação social, a crise política é a única causa e não somente a  revolta, mas há na Revolução Francesa algo mais normal e natural que porém, da raça humana, o descontentamento. A França de 1787 é uma sociedade sem Estado, ou seja; o Rei Luiz XVI não sabia governar, vivia um reinado de faixada onde não tinha mais autoridade. Todo aparato administrativo da monarquia são ineficientes e desleais.
Desde 89, aqueles que viviam a Revolução e todo seu processo, nada mais foi que uma ilusão de vencer um Estado desmoralizado e inexistente. O antigo regime pertencente ao rei, cujo é uma França de súditos, com a Revolução trás uma nova sociedade, de cidadãos com noção de igualdade que antes não conheciam. Surgem mudanças drásticas, um consenso de ideias nunca antes visto, com uma economia, política, transformadas.

Furet mostra que a França do século XVIII, inaugura uma política democrática como ideologia nacional. ¨A Revolução estende e consolida, levando a seu ponto de perfeição, o Estado administrativo e a sociedade igualitária, cujo desenvolvimento é a obra característica da antiga monarquia.¨

 A sociedade francesa foi chamada pelo rei Luiz XVI a depositaram suas reivindicações, em uma caixa de queixas, os ¨cahiers¨. De todas as reclamações referente ao poder, as mais numerosas são sobre os impostos cobrados, o poder fiscal, o poder real, dando visão ao descontentamento do povo. Os Cahiers de queixas são que dão força aos ideários da revolução, o abandono pelas autoridades tradicionais que poderia fazer investimentos e não fizeram, foi um dos motivos. ¨(...) os Cahiers um tanto ¨eruditos¨, principalmente no nível do bailiado, falam da ¨nação¨ reivindicando a restituição ou a fixação de seus direitos.¨

 Robespierre é um daqueles personagens históricos que podem ser vistos como figuras amadas ou odiadas por sua conduta, um ditador, demagogo ou aquele que escreveu sobre o discurso da igualdade e virtude que dá ação do povo. (...) ¨A imagem de um Robespierre conspirador desmascarado não alimenta mais uma dinâmica revolucionária, mas constitui uma resposta para (e ao mesmo tempo uma muralha contra) a questão central como pensar o Terror?¨


Furet aponta que a intenção de seu livro não é somente verificar a negatividade da Revolução mas, há uma cultura democrática na Revolução Francesa. Cita tocqueville e Augustin Cochin, que compreendem a legitimidade democrática e sua substituição do antigo direito divino. Furet analisa a Revolução Francesa não como sendo transitória, mas uma fantasia de origem, o único interesse histórico está na inauguração da democracia no seu entender. ¨A Revolução Francesa não é uma transição, é uma origem, e uma fantasia de origem. É isso que há de único nela, que constitui seu interesse histórico; e é aliás esse ¨único¨ que se tornou universal: a primeira experiência da democracia.¨

Referência Bibliográfica

FURET,Francois.Pensando a Revolução Francesa.Rio de Janeiro:Paz e Terra,1989.
Fonte Iconográfica






quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Thomas Robbes - Leviatã

O ESTADO

Thomas Hobbes nasceu na Inglaterra em 1588, vindo de uma família pobre, teve ajuda de um tio que lhe bancou os estudos.  Hobbes estudou Lógica e Física e admirava Geografia e Astronomia, mas foi pela Retórica seu entusiasmo. Além de estudar idiomas estrangeiros, sua base literária era dos historiadores clássicos, se interessou por razões do homem e pela política. Sua primeira obra literária a tradução da Guerra do Peloponeso, indicaria o que seria sua principal obra de destaque, Leviatã.

Hobbes discute que não há um consenso para a humanidade viver socialmente em paz, os homens estão interessados muito mais viver as custas dos seus próprios interesses, as pessoas buscam dignidade e honra que não há em sua maioria, causando as divergências e surgindo a inveja e o ódio, suscitando enfim as guerras. Hobbes faz um comparativo com as abelhas e as formigas, são criaturas que vivem socialmente politicas sob a visão de Aristóteles. Elas não tem outro rumo a não ser seus próprios juízos particulares e não possuem senso do que é considerado o que possa ser bom em comum.

Os homens julgam-se seres uns mais sábios que os outros, mais capazes que os outros para exercer o poder Público, agem de forma própria e defendem a sua maneira reformas e inovações, resultando em divergências políticas e levando o país à guerras civis. As  pessoas costumam impor o que é certo ou errado umas para as outras e estabelecem o seu juízo de valor sob o que consideram o bem e o mal, despertando aos indivíduos descontentamento e infelicidade. 

O homem tem satisfação em demonstrar sua sabedoria e tem a tendência de questionar as ações do outro, isto implica em avaliar constantemente a maneira em que é governado através do Estado. O pacto feito entre os homens aparentemente natural, porém observa-se a necessidade de muito mais que isso, para ser duradouro deve-se haver um acordo, é preciso um poder em benefício comum e que seja respeitado. A única forma para traduzir esse acordo de poder é transmitir a um homem ou a uma assembleia essa representatividade, afim que a mesma expresse a pluralidade por meio de votos. Equivale dizer que toda essa representação através de uma única pessoa tem o poder de decisão sob todos os atos das vontades das pessoas, diz respeito à paz e segurança de um país. Torna-se um pacto, como se cada um dissesse sim, autorizando todos os atos para o poder de decisão, uma multidão representada em forma de Estado. Ao poder que é concedido a cada um no Estado, o uso da força e poder traduz as vontades de todos para defender a paz do seu próprio país e contra aos inimigos estrangeiros. Aquele que é designado pelo Estado chama-se Soberano e possui Poder Soberano, os restantes são chamados de súditos. 


O poder Soberano tem duas vertentes, um é natural, em que o pai de uma família tem sua autoridade sobre seus filhos e o outro é quando os homens em comum acordo ou em uma assembleia decidem com a expectativa de serem protegidos contra os outros. Este tipo de representação tem o nome de Estado Político ou Estado por instituição, o poder da família pode ser chamado de Estado por aquisição.

Bibliografia
HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e
civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril
Cultural, 1983.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Príncipe de Valência

Alcazar de los Reyes cristianos Córdoba 
No ano de 1099 na cidade de Valência, costa leste da Espanha, morreu um homem que se tornou uma lenda para os espanhóis, se trata de Rodrigo Díaz que ficou conhecido como El Cid.
Cid deriva-se da palavra árabe sayyid, que significa ¨senhor¨ ou ¨amo¨, termo usado para aqueles de linhagem com descendência do Profeta, também como título de cortesia em alguns lugares de língua árabe até hoje. 

No tempo de Rodrigo Díaz, século X na Espanha, havia outros chefes importantes, mas o único como herói nacional de Castela era El Cid, lutou em guerras tanto para cristãos como para muçulmanos. Rodrigo era um soldado profissional e ganhava a vida como mercenário, sendo muito bem pago para isso.  
De origem na aristocracia de Castela, prosperou e foi governante de um principado que ele mesmo conquistou em Valência. 

O historiador medievalista moderno, Ramón Menéndez Pidal, contribuiu muito para a história espanhola o que se refere ao estudo de El Cid e sobre a Idade Média espanhola, na Europa e da Cristandade. 

Mesquita em Córdoba
Grande parte da Península Ibérica tombou sob o controle Islâmico no século VIII, o surgimento de uma sociedade distintamente islâmica na Espanha foi gradual. É possível que um milhão  de imigrantes tenha se estabelecido na Espanha no decorrer daquele período na colonização que se seguiu a conquista, a minoria árabe tomou para sí todos os territórios mais ricos do sul. Em 740, os bárbaros se rebelaram contra os árabes e uma guerra civil eclodiu, as lutas duraram vinte anos seguidos.

Torres de Quart Valência 
Sob a lei islâmica, cristãos e judeus foram tolerados, as comunidades cristãs que continuaram a viver sob o domínio islâmico em al-Andaluz, eram conhecidos como moçárabes. No século IX, um certo número de moçárabes cristãos de Córdoba, preocupados com a crescente atração pela cultura árabe e pela fé islâmica, buscou de forma deliberada, insultando em público o Profeta e seus ensinamentos. As conversões contínuas seguidas da integração gradual dos convertidos à condição plena de crentes sob a lei islâmica, foram uma das principais bases sobre as quais repousava o poder crescente dos amires de Córdoba. 

Riqueza artística al-Andaluz
O crescimento demográfico impulsionado por uma base agrária florescente, explica as populosas cidades de al-Andaluz e suas dinâmicas econômicas. Córdoba  tinha quase a metade de Bagdá que à sua época, era provavelmente  a maior cidade do mundo no século X, o que teria colocado lado a lado com outras grandes cidades do mediterrâneo, Constantinopla, Palermo e Cairo. Aquele era um mundo de cidades em rápida expansão, entre as indústrias de al-Andaluz, era impressionante a riqueza nos trabalhos chamados artigos de luxo, têxteis, marfim, cerâmica, trabalhos em metal, madeiras finas e produtos em couro. 
Na vida cultural assim como a política era centralizada no século X e X!, a retirada da mão-de-ferro que tentava direcionar todos os esforços políticos artísticos para Córdoba liberou um surto de energia criativa para as províncias. Por um acaso feliz, as condições eram propícias a um florescimento da arte no Islã espanhol como jamais havia ocorrido antes e nunca ocorreria depois. 


El Cid por todos seus feitos e batalhas conquistadas, determinado  e altivo, terminou seus dias como príncipe independente de Valência sendo o homem mais famoso da Espanha, um herói. 

Ref.Bibliográfica
FLETCHER,Richard.The Quest for El Cid.São Paulo:Unesp,2002.

Fonte inconográfica
Maria Aparecida Massoni


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mulheres cultas do Renascimento século XVI

Se os jovens das classes ricas seguiam a carreira nos estudos, as jovens, na maioria, ficava em casa. Para Burckhardt, historiador suíço, que ficou conhecido com o livro ¨A cultura do Renascimento na Itália¨, considerava a igualdade entre o homem e mulher: apesar dessa afirmação, isso não era a realidade. Alcalá, na Europa, foi a primeira cidade a fundar uma escola feminina no início do século XVI, acontecimento de vanguarda, mas somente em Avinhão as Ursulinas depois de algum tempo, inaugurou-se outro colégio para meninas com língua francesa. Só no século XVII, que as moças puderam receber conhecimentos fora de suas casas, isso se deve às Ursulinas e às Visitandinas, tornando-se um acontecimento de grande importância social. No entanto, no século XVI as mulheres com mais instrução era maior, até mais do que qualquer outra época anterior.

As mulheres da elite que foram educadas dentro de sua família, se assim desejassem, poderiam ter instrução e adquirir tanto sentido artístico igualmente aos dos homens. As filhas de Thomas More e as irmãs de Pirckheimer, humanista e matemático de Nuremberga, eram consideradas as mulheres mais sábias da época e até entendiam em Grego. A esposa de Robert Estienne, o impressor, Perrete Bade, era versada na língua latina e auxiliava seu marido na correção de provas. Vittoria Colonna, a marquesa de Pesquera, de quem Miguel Ângelo à recitava, foi muito talentosa na arte da poesia. Margarida de Navarra, entendia o italiano, o espanhol e o latim. Foi através de Margarida, que despertou interesse na França pela filosofia de Platão, e seu gosto intelectual permaneceu até o fim de seus dias. Era escritora de grande notabilidade e fazia questão de dar proteção aos letrados, foi uma mulher de erudição.

Havia vários relatos que a elite feminina tinha acesso à cultura, dando conta do interesse existente. É claro que, numa época em que a Europa estava em fase de transformações profundas, as mulheres foram se destacando cada vez mais na sociedade e até a forma dos acontecimentos que surgiram mais do que na Idade Média clássica. Por exemplo, Joana d'Arc, mudou o curso da situação militar que era desesperadora e conduziu a França à sua sorte que lhe era devida. 


Isabel, a Católica, absoluta autoritária, proibiu seu marido de governar Castela. Catarina de Médicis foi importantíssima na história francesa entre a morte de Henrique II (1559) e a de Carlos IX (1574). Seu nome ficou ligado ao horrível episódio do massacre da noite de São Bartolomeu. Isabel I, princesa erudita, reinou durante quarenta e cinco anos a Inglaterra e deixou desenvolver-se uma personalidade marcante e admirável que perdurou à sua morte. Isabel não era somente ligada à política no seu país, era também líder religiosa e foi ela quem fez definir as bases do anglicanismo. Toda essa nova corrente humanista, a posição que a mulher adquiriu na sociedade na época do Renascimento, os obstáculos econômicos, culturais e intelectuais que lhes colocavam, nos dão entendimento do que é a sociedade atual. 

Bibliografia
DELUMEAU,Jean.A Civilização do Renascimento.São Paulo:Edições70,S.d.2001.
Fonte iconográfica

terça-feira, 20 de abril de 2010

Colar de pérolas al-Andaluz - Reinado taifa século XI

Palácio de Saragoça, construído pelo rei al-Muqtadir no terceiro quartel do século XI.

 Durante o período anarquista al-Andaluz (1008 - 1031), quando o centro não mais conseguiu se sustentar, as tendências centrífugas e separatistas da Espanha se desenvolveram livremente. O poeta al-Shaqundi, recordando este processo do início do século XIII, escreveu um poema de nome ¨o rompimento do colar e a dispersão de suas pérolas¨. Poema este, referindo-se a fragilidade al-Andaluz que se fragmentou em vários estados sucessores regionais, que os historiadores entendem por reinos taifa, nome derivado da palavra árabe ta'ifa, que significa ¨facção¨ ou ¨partido¨. Era comum dos reinos taifa se situarem na cidade em que anteriormente haviam sido a capital da província, como Sevilha ou Saragoça, no período de perturbação máxima (1040), havia três dúzias desses pequenos principados. 


Os principados maiores de destaque são: Sevilha e Granada, ao sul; Badajoz, a oeste; Toledo, na região central; Valência, na costa leste; e Saragoça, a nordeste. A política da Espanha no século XI, lembra muito a Grécia pré-alexandrina, a Itália renascentista ou a Alemanha do Iluminismo, onde diversos principados estavam em constante rivalidade mútua. 

O principado taifa de Granada o nome é erroneamente designado, pois quando ele surgiu a cidade de Granada ainda não existia, a capital da província era Elvira, com nove quilômetros em direção a noroeste nas terras planas formadas por vega, as planícies dos morros  que são base da atual Granada. 
Os reis taifa herdaram a riqueza que al-Andaluz possuía sob o califado, as obras públicas durante esse período em Valência por exemplo, Abd al-Aziz ergueu muros em torno da cidade e fez construir uma ponte de pedra sobre o Rio Turia. 


Toda essa riqueza taifa permitiu a eles se dedicarem as atividades na qual eles são mais lembrados, a literatura, os conhecimentos e as artes. O mecenato era muito comum e tradicional dos príncipes, era uma forma de prestígio à sua corte. Os príncipes queriam atrair os poetas mais talentosos e os sábios mais eruditos e ter os palácios mais luxuosos com jardins elegantes. 
Vejamos uma poesia da época dos reinos taifa, em homenagem a vinda de al-Ma'mun, de Toledo, feita pelo poeta Ibn Arfa'Ra'suh.

Segure o amor com força e beba à
saúde do Possuidor da  
Dupla Glória (isto é, al-Ma'mun)
Que sustenta as terras do Oriente
e do Ocidente,
E que dá socorro aos crentes,
Descendentes de Ya-rub,
O rei altaneiro, que humilha sultãos,
Que lidera cavalgadas e é leão
dos campos de batalha,
Ele é um rei de coração mais bravo
que o leão,
Assim como seus dedos são mais generoso
que as nuvens de chuva.


Ref.Bibliográfica
FLETCHER,Richard.The Quest for El Cid.São Paulo:Unesp,2002.
Fonte inconográfica
http://www.caminhodesantiago.com/walter_jorge/img/graal_valencia_4.jpg

sexta-feira, 19 de março de 2010

¨Senhor de todas as coisas¨ por Leonardo Da Vinci

No texto Della Pintura, Leonardo da Vinci (1452-1519) nos faz entender sua concepção de arte e do artista. Da Vinci entende a arte como cópia da natureza e, pelo fragmento do texto a seguir, teremos a noção de como é compreendida a arte pictórica para os humanistas¹ da época.

Vale ressaltar, que as artes plásticas, em especial a pintura, reproduzem culturalmente a época renascentista². No trecho em que foi observado por Da Vinci, constatamos que a arte renascentista é uma forma artística onde a pesquisa prevalesce, desenvolve-se amplamente o estudo matemático da perspectiva (Brunelleschi), e configura a livre mentalidade em que o artista tem em relação ao objeto a ser retratado. 

Della Pintura

¨O pintor é amo e senhor de todas as coisas que podem passar pela imaginação do homem, porque se ele sente o desejo de contemplar belezas que o encantem, é dono de sua criação, e se quer ver coisas monstruosas, que causem terror, ou que sejam grotescas e risíveis, ou que provoquem compaixão, pode ser amo e criador delas.
Se gosta de criar lugares desertos, ambientes sombreados ou frescos em tempo de calor, os representa, e de modo igual ambientes quentes em tempo de frio. Se deseja contemplar a ampla campina desde o alto dos montes, e se depois disso deseja contemplar o horizonte do mar, dele pode fazê-lo; e do mesmo modo se quer contemplar os altos montes a partir dos baixos vales, ou desde os altos montes ou baixos vales e as praias. Tudo que está no universo em sua essência, em presença ou na imaginação ele o tem primerio na mente e depois nas mãos, e elas são tão excelsas, que, da mesma forma que as coisas, criam ao tempo uma harmonia proporcional com um só olhar.¨(Da Vinci, Leonardo.Tratado de La Pintura. In: Ibañez,op.cit.,p.55.)

Renascimento: tentativa de compreender o homem, com novas concepções de transformação com base no humanismo.
Humanismo: base intelectual e cultural, que visa definir e afirmar o novo papel do homem no universo.

Ref. Bibliográfica
MARQUES,Ademar,Berutti,Flávio,Faria,Ricardo.História Moderna Através de Textos.São Paulo:Contexto,2008.
Fonte iconográfica