sábado, 30 de janeiro de 2010

A mais célebre falsificação histórica da Idade Média.

Relato Histórico 

CARLOS MAGNO CONFIRMAÇÃO DE  DOAÇÃO DE PEPINO AO PAPA (774)

(...) Porém, na quarta-feira, o pontífice (Adriano I,772-795) acompanhados pelos seus dignitários, tanto eclesiásticos como militares, encontrou-se com o rei na Igreja de S.Pedro apóstolo para uma entrevista. Suplicou urgentemente ao rei, lembrou-lhe e tentou persuadi-lo com paternal afeto a que cumprisse todas as promessas feitas pelo seu pai Pepino, de sagrada memória, e pelo próprio Carlos e o seu irmão Carlomano e todos os magnates francos a S.Pedro e ao seu vigário, o Papa (Estevão II,752-757) de santa memória, quanto ele foi à França, de outorgar as várias cidades e territórios daquela província italiana e confiá-las a S.Pedro e a todos os seus vigários, em posso perpétua. Quando foi lida a promessa feita na França num lugar chamado Kiersy, Carlos e os seus magnates apreciaram-na, aprovando também as adições. E por sua livre vontade o muito excelente e cristianíssimo rei dos Francos, Carlos, fez uma nova promessa de doação, segundo o modelo que anteriormente havia sido escrita pelo seu religioso e muito prudente capelão e escriba Etério. Nela confirmava a S.Pedro as mesmas cidades e territórios e ele próprio defendia a sua entrega ao citado pontífece, dentro dos limites contidos nessa doação, ou seja, Luna (Luni) com a ilha da Corsica, Surianum (Zarzana), o Mons Bardo, isto é, Vercetum (Berceto), Parma, Rhegium, Mantua, o Mons Silicum (Monselice) e ao mesmo tempo todo o exarcado de Ravena, como era antigamente, as províncias venezianas, a Ístria e os ducados Spoletinum e Benaventanum.


Anastácio Bibliotecário. História de Vitis Romanorum Pontificum - S.Adrianus.In:Migne, P.L.,t.CXXVIII,cols.1179 - 1180. Paris 1880. Apud Espinosa, op.citl,p.142-3.


O que você acaba de ler é um fragmento do documento histórico onde trata-se sobre a confirmação de doação de Carlos Magno, o Grande, ao Papa ao longo do século IX, sendo um ato político estabelecendo um pacto entre o reino Franco e a Igreja para obter apoio em todo o Estado, o chamado poder de Investidura. Graças a aliança com o Imperador Carolíngio, o papa começa a exercer um papel considerável nos negócios, se beneficia da possessão do ¨Patrimônio de São Pedro¨ Vaticano hoje, concedido e legitimado pelos reis Carolíngios graças à redação de uma das mais célebres falsificações da história: a suposta ¨doação de Constantino¨. 


Dessa forma, o Imperador tem como afirmação do papado e da ampliação da Igreja Ocidental. É uma troca onde o papa consagra o poder da Dinastia Carolíngia e dele recebe em troca, sua base territorial e material. Há um desenvolvimento conjunto de um e de outro, enfim, a Igreja fica encarregada de manter o poder Imperial, legitimando-o pela consagração e por fazer com que as ações do Imperador pareçam a vontade divina. Com isso, a Igreja beneficia-se de proteção por certificado de imunidade assim conferidas as terras da Igreja, judiciária e fiscal, sem falar da criação da obrigatoriedade do ¨dízimo¨, destinado a manutenção do clero e aumento da organização da Igreja. 

*Documento forjado, apresentação na Idade Média como édito imperial romano, registra um ato pelo qual o imperador Constantino I teria doado ao papa Silvestre I e seus sucessores a primazia sobre a Igreja do Oriente e o poder Imperial sobre o Império Romano do Ocidente.

Referências
MASSIE,Allan.Carlos Magno: A Vida do Imperador do Sacro Império Romano.São Paulo:Ediouro,2008.
BASCHET,Jérome.A Civilização Feudal.São Paulo:globo,2006.




sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A Fotografia Moderna


Em meados do século XX, com as mudanças ocorridas culturalmente no mundo, a fotografia artística aderiu-se aos movimentos modernistas redefinindo as suas raízes estéticas. Tratava-se paralelamente de pôr abaixo o tradicionalismo pictórico e estabelecer a fotografia de um projeto inteligente, contenporâneo digno a arte moderna.
 Para a historiografia, a fotografia teve dois importantes pólos: Europa e Estados Unidos. Na Europa vários artistas vanguardistas utilizaram-se da fotografia, após o trabalho notável de Eugène Atget, observou-se uma renovação até o início da década de 30, foram vários os artistas-fotógrafos: Lászlo Moholy-Nagy, Man Ray, Kasimir Malevich, René Magritte, Max ernst, George Grosz, Hanna Höch, entre outros. A fotografia libertou-se do tradicionalismo imposto pela câmera com os fotogramas de  Moholy-Nagy e Man Ray e com as colagens e fotocolagens dos movimentos dadaístas, surrealistas e construtivistas. Ao mesmo tempo uma visão específica fotográfica gerou interesse de Moholy-Nagy, Man Ray e Malevich a diferentes movimentos de vanguarda.

Nos Estados Unidos a nova linguagem fotográfica moderna se deu a partir da atuação de Alfred Stieglitz, muito empenhado em divulgar o trabalho dos artistas modernos europeus em seu país, no início do século promoveu exposições de desenhos e pinturas de Paul Cézanne, Henri Matisse, Pablo Picasso e Georges Braque, entre outros. No Brasil, o movimento de renovação surgiu especificamente em São Paulo, no Foto Cine Clube Bandeirantes, que em meados da década de 40 revolucionou a nossa fotografia, então acadêmica. Em relação ao movimento modernista europeu e americano, houve uma defasagem de duas ou três décadas para o movimento brasileiro.


Fonte iconográfica
Referências
COSTA,Helouise,SILVA,Renato Rodrigues. A Fotografia Moderna no Brasil.São Paulo:Cosac Naify,2004.